As fronteiras difusas das redes sociais

Dias atrás, William Bonner, durante o Jornal Nacional, fez um comentário a respeito da aparência do personagem de uma reportagem. “Cara de maluco ele tem, cá entre nós, né?” disse o apresentador da Rede Globo. Imediatamente, o assunto “bombou” na Internet. A maioria criticou duramente o apresentador – com tal intensidade que Bonner se viu obrigado a se desculpar antes mesmo do fim do telejornal. O caso revela a capacidade das redes sociais alimentar e destruir reputações.

Isso vale para William Bonner – e vale para você também!

Num mundo cada vez mais conectado, a presença pessoal nas mídias sociais está sendo encarada como uma marca corporativa. Tudo o que se diz ou faz, curte ou compartilha, passa a compor sua imagem, seja para o bem, seja para o mal. Um palpite apressado ou mal redigido passa a ser considerado como manifestação de seu pensamento, de sua filosofia de vida ou de eu ideário ideológico. Muitas vezes, a interação na rede nos leva a ignorar filtros e cuidados que geralmente assumimos em outras ocasiões.

Aí reside o perigo e as oportunidades. Tudo depende de como administramos esse cenário. Ele se torna mais complexo, pois as pessoas ao nosso redor (chefes, subordinados, colegas, etc) começam a nos seguir e acompanhar mais de perto nossas manifestações sobre os mais variados assuntos, mesmo que estejam dentro do âmbito profissional. Definitivamente, acabou a divisão entre pessoa física e jurídica. As redes sociais fazem com que as fronteiras entre o pessoal e o corporativo se tornem cada vez mais difusas.

A reputação de um profissional pode correr grandes riscos de imagem, irreparáveis até, se as causas por ele defendidas forem mal formuladas ou se sua atitude for considerada incorreta. Portanto, é fundamental tomar todos os cuidados antes de se abrir por meio desses canais.

O americano Levi Charles Reardon, de 23 anos, que o diga. Ele foi preso após curtir a própria foto de procurado que foi publicada na página do Facebook do Departamento de Polícia dos Condados de Cascade e Great Falls, em Montana (Estados Unidos). Ele estava sendo procurado pelo roubo de uma carteira e de folhas de cheque. A polícia chegou a oferecer uma recompensa por informações sobre seu paradeiro. Mas não foi preciso pagar pela indicação. Em abril deste ano, minutos após a publicação na rede social, o próprio jovem apareceu na lista dos usuários que teriam curtido a postagem. Com os dados, a polícia monitorou seu perfil e o prendeu logo após a publicação de uma foto ‘selfie’ que indicava sua exata localização. O Departamento de Polícia chegou até agradecer o procurado pela curtida.

Há ainda situações de pessoas que deixaram de ser contratadas por apresentarem perfis pessoais inadequados e de executivos demitidos em função de comentários feitos em mídias sociais. Mas como manter uma boa presença nesses canais de comunicação?

Aqui vão algumas recomendações e alguns pontos de reflexão sobre o tema.

Pense antes de agir – Antes de iniciar qualquer movimento, analise até que ponto deseja que situações de sua vida fora do ambiente de trabalho se tornem públicos. É importante considerar que todos devem preservar aspectos pessoais. Há assuntos que só dizem respeito a nós mesmos, seja por privacidade, seja por que não são relevantes para os outros. Assim, um olhar estratégico inicial vai ajudar como escolher fotos, lugares e conteúdos que devem ser compartilhados.

Facebook – Tenha uma certeza: sua mãe, suas tias, enfim toda a sua família terá acesso ao que você postar neste canal, seguindo você. O mesmo vale para seus colegas de trabalho e seu chefe. O que você quer ser? – Se você tem um campo de interesse específico ou é especialista em determinado setor, curta páginas de destaque, crie e compartilhe conteúdos interessantes, inclusive vídeos, que aumentem a audiência de sua página entre amigos. O Facebook possui recursos para veicular vídeos e o acesso às imagens é bem rápido. Utilize essas ferramentas para provocar engajamento e debates saudáveis sobre temas que digam respeito a você e à sua especialidade. Se tiver um blog, compartilhe em seu Facebook e para gerar movimentações sobre assuntos de seu interesse. As pessoas adoram opinar nesses espaços de discussão. Se desejar se preparar para que nem todos gostem de suas ideias, uma alternativa é criar uma página para sua área de interesse, expandindo seu círculo de amigos e convidando outras pessoas para participar. Essa pode ser uma boa forma de se proteger pessoalmente e de se integrar, com credibilidade, ao debate em torno de seu campo de conhecimento.

Twitter – A presença e o compartilhamento de ideias no Twitter tem uma abrangência enorme devido ao dinamismo desse canal. É muito rápido publicar conteúdos. Liste uma relação de pessoas e de empresas que admira, comece a segui-las e a participar dos fóruns. Rapidamente seu grupo de seguidores se expandirá. Cuidado para não ser um mero replicador de posts. Use seu bom humor e olhar diferenciado para chamar a atenção. Faça parte de Tweet Chats de cursos e seminários para iniciar contato diretamente com seu público de interesse. Crie uma hashtag e use em seus posts # interessantes para rapidamente encontrarem suas ideias no canal. Siga todos que seus seguidores e lembre-se: quanto mais participar com critério, mais sua presença será notada. Muitos Assuntos do Momento surgem de pessoas que postaram algo diferente e rapidamente o assunto tornou-se viral, mobilizando milhares de pessoas.

Google + – Ainda não pegou no Brasil e é pouco utilizado. No mundo, a maioria dos usuários é formada por homens. Há várias comunidades interessantes e a publicação constante e diária pode ajudar a ampliar rapidamente sua presença no canal e na Web. Os conteúdos podem ser ampliados por meio do buscador do próprio Google, que replica aquilo que é publicado nessa mídia social. Recomendo ajustar o recurso Google Authorship, que identificará você como autor de posts, evitando a cópia que hoje ocorre frequentemente no mercado.

Linkedin – Canal corporativo, fundamental para disponibilizar informações profissionais e reunir em um banco de dados conquistas, experiência e referências acumuladas em sua carreira, além do tradicional currículo. O destaque dessa ferramenta no mercado pode ser medido pelo número de usuários que endossam sua capacidade e o recomendam. Por isso, é o instrumento mais utilizado por equipes de vendas e por headhunters e recrutadores. O uso não é tão amigável como outras mídias sociais, mas, sem dúvida, é o canal mais importante para demonstrar sua bagagem profissional e o espaço ocupado por você no seu setor de atuação.

Blog – Hoje em dia é muito simples criar um blog. Existem diversas ferramentas gratuitas que oferecem templates prontos para esse fim. Recomendo não perder tempo e registrar rapidamente um domínio com seu nome – trata-se afinal de sua principal marca e não se deve deixar espaço para que seja usada indevidamente por um homônimo ou concorrente. Além de garantir que seu nome estará sendo indicado corretamente em ferramentas de busca como GoogleBing, a criação de um blog representa um espaço exclusivo na Internet, abastecido por suas ideias e opiniões. Não se esqueça de publicar conteúdos constantemente e de colocar links para todos os demais canais e mídias sociais, gerando um forte efeito multiplicador.

Fique informado – Monitore os comentários a seu respeito nas mídias sociais, como e por quem seus conteúdos estão sendo compartilhados. Caso não tenha ferramentas especiais, use aplicativos gratuitos como SocialMention.

Procure especialistas de mercado se tiver dúvidas sobre como criar uma estratégia interessante de posicionamento, geração de conteúdos e de engajamento de públicos de interesse. Fica a dica: o retorno será enorme, pois sua reputação não tem preço!

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