Tudo por um POST: me engana que gosto

Quando Andy Warhol disse em 1968 que no futuro todos seriam famosos por 15 minutos, muito provavelmente não imaginava que a frase teria tanta força nas décadas seguintes. Por 15 minutos de fama, vale de tudo: algumas marias chuteiras tentam aparecer ao lado de jogadores de futebol, modelos apelam para conseguir o tão sonhado papel na TV ou aquele ensaio fotográfico em uma revista masculina, e assim vai.

O que mudou desde o surgimento da famosa previsão de Warhol foi a velocidade com que as coisas acontecem. No mundo atual, 15 minutos são uma verdadeira eternidade, pois, afinal, vivemos na era do instantâneo, que encontra sua melhor expressão nas mídias sociais.

Nelas, qualquer um pode ser famoso, ter milhares de seguidores e conquistar sucesso na blogosfera. Pelos perfis, as pessoas conseguem estar próximas de jornalistas e colunistas renomados. Conseguem fazer vídeos que se tornam febre na Web. A imprensa, por sua vez, vasculha a web para saber, minuto a minuto, o que acontece nãosó na vida das fontes, mas também com os desconhecidos que vez ou outra conseguem estar no ranking de Top Trends, mobilizando pessoas para algo interessante ou bizarro.

Além disso, seria impossível, sem as mídias sociais, avisar em segundos para milhares de seguidores e para todos os fofoqueiros de plantão que a morena da foto no barco não é namorada (e nem ficante) do jogador, que a atriz recém-abandonada pelo namorado esta grávida e feliz, que é ótimo estar solteira mesmo depois que o marido foi visto com outra…, e assim vai.

Mas não consigo deixar de ficar surpresa com quem paga 15 mil reais por um post de 140 caracteres. Para quê? As campanhas de marketing não são suficientemente criativas? Isso é estratégia ou dinheiro jogado fora? Que retorno que esse tipo de ação traz para a empresa? Isso é mensurável? Como?

Tudo bem. É fato que o Brasil é um dos países mais atuantes nas mídias sociais e os brasileiros estão entre os principais usuários do mundo, mas nada justifica que uma marca tenha que apelar para esse tipo de artificio para engajar clientes. Isso me lembra da história de uma mãe que contratou um ator famoso de novela para dançar a valsa na festa de 15 anos da filha. Será que os convidados acreditaram que o artista famoso saiu de casa espontaneamente para ir a uma festa sem graça e dançar com uma menor de idade, com o rosto repleto de espinhas?

Ninguém é bobo, muito menos os clientes. As pessoas procuram sinceridade, aproximação com as marcas que usam e experiências diferenciadas. As mídias sociais são sensacionais para permitir o contato direto das marcas com seus consumidores e as empresas que estão usando esses canais de forma inteligente estão colecionando resultados positivos. Tenho certeza de que criatividade não falta no mercado e que ainda há muito a ser feito antes de chamar artistas para as festinhas de 15 anos das filhas e antes de pagar para famosos referenciarem as marcas nas redes sociais.

Acho que o mercado teria muito mais a ganhar se as empresas refletissem por um minuto. Seu papel não é jogar dinheiro fora. Elas foram criadas para serem diferentes e para fazer a diferença, de fato. Seria bom analisar como as empresas mais valiosas do mundo criam relevância e aproximação com seus clientes. Coca-Cola, Google, GE, Apple, Disney e outras empresas de peso não recorrem a esse tipo de artifício para conquistar clientes e muito menos entram no jogo ‘me engana que eu gosto’. O consumidor não é bobo e nunca será!

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